Consolida-se no mercado financeiro a aposta em aumento do juro básico da economia (taxa Selic) nesta quarta-feira (17) pelo Copom (Comitê de Política Monetária).
A decisão sai à noite, depois do fechamento dos negócios. Às 13h, o contrato de juros mais negociado, com vencimento em julho de 2013, projetava taxa de 7,62% ao ano, praticamente estável, com ligeira queda de 0,1% após sete dias seguidos de alta, indicando acomodação da perspectiva dos investidores.
A Selic está hoje em 7,25% ao ano, o menor nível da história. Os economistas que acreditam em aumento da taxa hoje --de 0,25 ponto percentual ou 0,50 ponto percentual --destacam como principal motivo a pressão inflacionária.
O fraco desempenho da economia brasileira, porém, ainda o argumento dos economistas que defendem a manutenção da Selic pela quarta reunião seguida do Copom --que são minoria.
Para José Gonçalves, economista-chefe da Banco Fator Corretora, o que há de "dados plausíveis" são a superação do teto da meta de inflação do governo (6,5%) e sinais de redução da inflação de alimentos. "Além disso, é possível afirmar que a desaceleração do varejo em fevereiro é, ao menos em parte, explicada pela corrosão da massa de renda pela inflação", diz o especialista.
Na avaliação de Gonçalves, o governo deve subir a Selic em 0,50 ponto percentual hoje. "O risco de esperar, ainda que de olho em maio, é concluir depois que houve um atraso no aperto monetário", ressalta. "Seria o início de um ciclo de um aumento total de 1,5 ponto percentual [para 8,75% ao ano]."
Priscila Godoy, economista da consultoria Rosenberg & Associados, também acredita em aumento de juros hoje. "O aumento da inflação em 12 meses é preocupante e deve forçar a autoridade monetária nacional a elevar a Selic o quanto antes", afirma.
"Quanto antes o Banco Centralder início ao aperto monetário, mais rápido virão os resultados para amenizar a inflação. Dessa forma, a duração do ciclo de aumento da Selic pode ser menor."
João Júnior, especialista em juros da corretora Icap Brasil, destaca que o BC "está praticamente sendo obrigado a agir [aumentando juros] agora em abril."
"A inflação caiu na boca do povo e é algo que as pessoas passaram a monitorar. Um exemplo simples é o preço do tomate", afirma.
Para o especialista, a Selic vai subir 0,50 ponto percentual hoje, para 7,75% ao ano, e virão mais dois aumentos na mesma intensidade, em maio e em julho.
"O BC não deve querer um ciclo monetário muito longo, já que 2014 é um ano eleitoral e, embora o Copom seja teoricamente uma instituição independente do governo, não seria bom subir juros em plena campanha."
Fonte: Folha.com
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