Enquanto grande parte da
população brasileira desfrutava o período de férias e de Carnaval, muitos
empreendedores e negócios estavam agitados para a Páscoa que representa para
eles o seu Natal: estavam ocupados, pelo menos desde outubro do ano passado, com
o desenvolvimento dos produtos, produção, vendas e distribuição.
De
acordo com a Abicab (Associação Brasileira da Indústria de Chocolates) somos o
terceiro maior produtor de chocolates do mundo, atingindo mais de 732 toneladas
em 2012 e o Brasil desponta como um dos maiores consumidores de ovos de Páscoa
do mundo, somente atrás dos EUA. Nosso consumo anual do chocolate sob todas as
formas gira num patamar acima de 2,5 kg por brasileiro (as indicações variam
até 3,5 kg).
Este
quadro mudou muito após campanhas de marketing para impulsionar o seu
consumo, visto que até o início dos anos 70 este alimento era percebido
negativamente -- "afetando o fígado", "um produto quente",
"que engorda" --, considerado supérfluo e dispensável. Os produtores
de cacau, num movimento articulado internacionalmente, promoveram campanhas
institucionais nacionais para reverter esta imagem.
Desde
a introdução do cacau no país em 1746 no Pará e no sul da Bahia, a indústria
cacaueira floresceu muito, sobretudo no início do século passado. Em 1983 a
produção tinha sido alavancada e atingiu-se na época 121 mil toneladas de
produção. Éramos o maior exportador mundial, o segundo maior produtor em 1989,
quando a entrada da doença vassoura da bruxa dizimou a produção no sul da
Bahia.
Assim,
hoje somos grandes consumidores de chocolate mas nos situamos mundialmente como
quinto produtor de cacau. Desde o final dos anos 80 passamos a importar muito,
e estamos no patamar de mais de 65 mil toneladas (dados de 2012, segundo a
Organização Mundial do Cacau). Mas atualmente há cacauicultores brasileiros
apostando em mais qualidade e espécies e variedades mais resistentes.
Em
termos de balança comercial a indústria de chocolate, em toneladas ano, está a
desfavor do Brasil, pois caímos nas exportações de 32 para 30 mil toneladas em
2013, e importamos 20 mil no mesmo ano (dados do MDCIC – SECEX apresentados
pela Abicab). Houve decréscimo de 31%, e caímos em número de países atendidos
(de 111 em 2012, para 106 em 2013).
No
polo interno o mercado cresceu e o consumidor se sofisticou, principalmente no
maior mercado que é o Sudeste. Há maior abertura para experimentação de novos
sabores e misturas, para chocolates mais amargos e gourmets, para chocolates
diet, marcas estrangeiras. Entretanto, a preferência pelo chocolate ao leite
continua imbatível.
As
marcas de chocolate produzidas no país continuam na liderança do mercado, sendo
o maior canal de compra os supermercados (76% das vendas). As caixas com
variedades de sabores continuam campeãs. As mulheres lideram o consumo com 56%.
Contudo
os jovens, e pessoas de classes mais afluentes consomem mais produtos premium e
gourmet, mais chocolates escuros e conhecem mais os produtos estrangeiros e
associam o chocolate premium à qualidade dos ingredientes e à marca.
A
primeira fábrica de chocolates artesanais - Neugebauer Irmãos & Gerhardt -
foi fundada em Porto Alegre. Existe desde 1891 e é hoje um grande polo produtor
de chocolates artesanais na Serra Gaúcha. Desde esta época o mercado mostra
enorme concentração de produção industrial.
Na
Páscoa de 2014 três empresas detiveram 76% do mercado: Mondelez com 32,7%
(graças à força da Lacta fundada em 1912), Garoto com 22,5% e Nestlé com 21,1%
(apesar de dona da Garoto os resultados são desmembrados pois devem ser
consideradas empresas distintas).
No
que se refere a chocolates considerados premium desponta a brasileira
CacauShow, que desponta como uma das marcas mais reconhecidas pelos
consumidores, e apesar de ter apenas 25 anos, é dona da maior cadeia de lojas
de chocolate do mundo (mais de 1600 lojas). Cadeia que cresce graças ao modelo
de franquias.
Outras
marcas de chocolates, incluindo os fabricados artesanalmente também oferecem
franquias. A Abicab, numa pesquisa recente em 764 municípios acima de 20 mil
habitantes, localizou 3.254 lojas de chocolate premium. Destas 76% são
franquias e as restantes 24% são independentes ou licenciadas.
Estão
concentradas no Sudeste do país. Só em São Paulo eram 1259; 372 no Rio de
Janeiro, Minas Gerais com 276, Rio Grande do Sul com 257 e 220 no Paraná.
Apesar
do cenário econômico pouco promissor, parece que o setor de chocolates ainda
oferece espaços para empreendedores, sobretudo no varejo, e nas franquias. Mas,
há como se lançar independentemente, procurando manufaturar novas receitas e
produtos, aproveitando o crescimento do interesse pelos chocolates premium e
gourmet, chocolates de origem controlada, diet e outros.
Fonte: UOL Notícias
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