Os esforços do governo para resgatar a credibilidade dos agentes
econômicos não serão suficientes para trazer de volta os investimentos
necessários ao País. Foi o que disseram analistas do mercado financeiro
paulista ao diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Luiz Awazu
Pereira, durante a terceira e última reunião que a autoridade monetária fez na
semana passada com profissionais na capital paulista.
Segundo
contou ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, um dos
participantes do encontro, este é um dos vários recados que o diretor deverá
levar para Brasília e que, provavelmente, se fará presente no Relatório
Trimestral de Inflação (RTI) de março. Os encontros têm como objetivo permitir
ao BC colher as impressões dos analistas do mercado financeiro sobre a
atividade, a inflação e a economia internacional, justamente para auxiliar o
redator do RTI. De acordo com o que os participantes teriam dito ao diretor do
BC, se havia inicialmente alguma expectativa de a economia, em 2016, mostrar
algum sinal de revigoramento, agora ela cai por terra.
A
despeito de a maioria ainda não apostar em uma nova queda do PIB no ano que
vem, muitos relataram a Awazu o temor de que o recuo da economia esperado para
2015 respingue sobre 2016. "Não há nenhum esforço do governo para
recuperar a credibilidade, não há nenhum sinal de que a confiança será
retomada. A confiança dos empresários deve continuar baixa e deprimindo os
investimentos", descreveu um dos participantes da reunião.
O
economista contou ainda que, embora muitos analistas contemplem em seus
cenários uma possibilidade grande de o País enfrentar um racionamento de
energia, eles ainda não sabem quantificar o impacto de tal medida sobre a
economia. "Os efeitos de um racionamento e da Operação Lava Jato são muito
difíceis de mensurar. Por isso, ninguém está querendo cravar um número",
relatou.
Os
analistas demonstraram sintonia ainda em relação ao comportamento da inflação,
que tende a ficar elevada neste ano e também no ano que vem. Segundo outro
participante, as projeções entre os economistas na reunião para o IPCA de 2015
estão na faixa de 7% e 7,5%, "com viés de alta". Para 2016, as
estimativas para a inflação estão entre 5,5% e 6%. "Ninguém acredita que o
BC vá conseguir fazer a inflação convergir para o centro da meta, de 4,5%. A
desaceleração dos preços livres pode não ajudar tanto assim, como o esperado.
Além disso, a inércia inflacionária de 2015 para 2016 deve ficar bem elevada. E
ainda tem os ajustes esperados para o câmbio", disse.
Ainda
em relação ao câmbio, outro analista comentou que os participantes disseram à
autoridade monetária que o dólar deve subir mais ante o real, na tentativa de
ajudar a reduzir o déficit nas transações correntes. "O comportamento da
conta corrente tem mostrado um pouco isso", afirmou.
Fonte: Estadão
Nenhum comentário:
Postar um comentário