Neste
ano, R$ 665 bilhões vão passar pelas mãos -ou melhor, pelos bolsos- dos 55
milhões de brasileiros que não têm conta em banco.
Esses
brasileiros representam 39,5% da população adulta do país, segundo estudo do
instituto Data Popular.
Os
dados serão apresentados hoje durante seminário em São Paulo para discutir o
impacto do crédito no comportamento de consumo da nova classe média, dona hoje
de 103 milhões de cartões de crédito no país.
O
valor que passa à margem do sistema bancário brasileiro (R$ 665 bilhões)
equivale quase ao PIB da Colômbia, segundo informações do Banco Mundial.
"O
que surpreende é que, por mais que o processo de bancarização tenha crescido,
quatro em cada dez brasileiros ainda não possuem conta-corrente ou poupança. E
esse número é ainda maior nas classes mais baixas", afirma Renato
Meirelles, sócio e diretor do instituto.
QUEM SÃO
Metade
dos brasileiros sem conta em banco está na classe média -são 29 milhões de
pessoas que fazem parte de famílias com renda per capita de R$ 291 a R$ 1.019.
O critério de classificação por faixa de renda é o mesmo adotado pelo governo.
Outros
11% dos sem conta em banco (6 milhões de pessoas) estão na classe alta e 37%
(20 milhões), na baixa.
Um
terço da população "desbancarizada" tem de 40 a 59 anos -pessoas em
sua maior parte (65%) com ensino fundamental completo.
Quase
metade desses brasileiros está fora do mercado de trabalho -são donas de casa,
desempregados, estudantes e aposentados. Para o levantamento, foram
entrevistadas 2.006 pessoas de 53 cidades entre os meses de fevereiro e março
deste ano.
As
principais razões apontadas para a não bancarização são: 1) a dificuldade de
acesso à rede bancária em cidades do interior que ainda não têm oferta de
agências; 2) problemas financeiros que levaram ao endividamento e fizeram com
que as pessoas que tiveram conta se tornassem "ex-bancarizadas"; 3)
opção de não ter relacionamento com os bancos por considerarem desvantagens no
pagamento de taxas e crédito oferecido.
Para
a Febraban (federação dos bancos), a bancarização tem avançado no país. No ano
passado, o número de contas-correntes ativas aumentou 6% e o da poupança, 4%. A
entidade não comentou o estudo.
"O
desafio dos bancos é oferecer serviços para os 55 milhões de brasileiros que
hoje não enxergam nas instituições financeiras uma solução para as suas
demandas", diz Meirelles.
Fonte: Folha.com
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