O Banco
Central reforçou nesta terça-feira que a política monetária continuará apertada
por algum tempo, ao piorar seus cenários de inflação para este e o próximo ano
e ver que em 2016 ela ainda deverá ficar acima do centro da meta oficial.
Ao mesmo tempo, o BC reduziu sua perspectiva de expansão da
economia brasileira, não enxergando recuperação mais consistente no curto
prazo.
Segundo o Relatório Trimestral de Inflação do BC divulgado nesta
manhã, a inflação medida pelo IPCA subirá 6,4 por cento neste ano pelo cenário
de referência, acima dos 6,3 por cento previstos anteriormente.
Para 2015, o BC vê agora alta de 6,1 por cento do IPCA, sobre
estimativa anterior de 5,8 por cento. Em 2016, os preços devem subir 5 por
cento.
A meta de inflação é de 4,5 por cento pelo IPCA, com margem de
dois pontos percentuais para mais ou menos. O indicador tem permanecido acima
do teto em 12 meses, como em novembro, quando atingiu 6,56 por cento.
"Ele (BC) deu o tom um pouco mais agressivo para política
monetária", avaliou a economista e sócia da consultoria Tendências,
Alessandra Ribeiro, que vê que a taxa básica de juros subindo a 12,50 por
cento, acima dos 12,25 por cento que ela esperava até então.
Para conter a inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom)
do BC deu início a um novo ciclo de aperto monetário em outubro, quando elevou
a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, para 11,25 por cento ao ano. No começo
de dezembro, o Copom acelerou o aperto, aumentando o juro em 0,50 ponto, para
11,75 por cento.
No relatório de inflação, o BC destacou que, "em momentos
como o atual, a política monetária deve se manter especialmente vigilante, de
modo a minimizar riscos de que níveis elevados de inflação... persistam no
horizonte relevante para a política monetária".
"Nesse sentido, o comitê irá fazer o que for necessário
para que no próximo ano a inflação entre em longo período de declínio, que a
levará à meta de 4,5 por cento em 2016", acrescentou a autoridade
monetária.
No relatório, o BC informou ainda que "não descarta" a
inflação no curto prazo subindo mais e que deve permanecer elevada em 2015, mas
também vê que no próximo ano ela entrará "em longo período de
declínio".
O presidente do BC, Alexandre Tombini, já afirmou que a inflação
no país atingirá seu pico no primeiro trimestre de 2015. Segundo ele, o cenário
mais provável é de que a inflação inicie processo de declínio no segundo
trimestre do ano que vem e retorne à trajetória de convergência ao centro da
meta até o fim de 2016.
No cenário de referência do relatório de inflação, o BC
considerou o dólar constante a 2,55 reais e a Selic no patamar atual de 11,75
por cento.
Ainda no cenário de referência, a probabilidade estimada pelo BC
de a inflação ultrapassar o limite superior do intervalo de tolerância da meta
se situa em torno de 37 por cento em 2015, acima dos 31 por cento no documento
anterior, e de 15 por cento em 2016.
Fonte:
REUTERS
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