A
produção industrial brasileira ficou estagnada em outubro, pior do que o
esperado e iniciando o último trimestre do ano sem força, com mau desempenho em
todas as categorias, sobretudo na de bens de consumo.
Sobre um ano antes, a atividade recuou 3,6 por cento em outubro,
informou o Instituto Brasileiro de Geografia a Estatística (IBGE) nesta
terça-feira, acumulando em 12 meses queda de 2,6 por cento, o pior desempenho
desde setembro de 2012 (-2,9 por cento).
Pesquisa da Reuters com analistas mostrou que a expectativa era
de que a produção industrial subisse 0,30 por cento na comparação mensal e
queda de 3 por cento na anual.
"Esse mês não houve nenhum tipo de efeito do calendário e,
na comparação interanual, chegou-se a 8 meses seguidos de queda", afirmou o
economista do IBGE André Macedo. "É um perfil de queda disseminado",
acrescentou.
Segundo o IBGE, nenhuma das principais categorias mostrou
expansão em outubro, quando comparado com o mês anterior, com destaque para
bens de consumo duráveis e semiduráveis e não duráveis em queda de 0,8 e 0,6
por cento, respectivamente. Em setembro, elas tinham subido.
O mau desempenho vem em meio ao cenário de atividade econômica
fraca e inflação elevada, e perspectiva de arrefecimento no crédito devido ao
novo ciclo de aperto monetário iniciado pelo Banco Central. Ao elevar a taxa
básica de juros do país, para combater a alta dos preços, a autoridade também
encarece o custo dos empréstimos, afetando o consumo.
"Inadimplência e maior comprometimento da renda,
seletividade e encarecimento do crédito e mercado de trabalho moderado
justificam o comportamento da demanda interna menor. E, combinado a isso, na
maior parte da indústria os estoques estão acima do considerado ideal",
afirmou Macedo.
Dos 24 ramos pesquisados, segundo o IBGE, 16 mostraram queda em
outubro. As principais influências negativas vieram dos produtos farmacêuticos
(-9,7 por cento) e veículos automotores(-2,2 por cento). Na outra ponta, houve
expansão em produtos alimentícios (2,5 por cento).
E já há sinais de que o setor não conseguiu mostrar recuperação
neste final deste ano. O Índice Gerente de Compras (PMI, na sigla em inglês) de
novembro mostrou que a indústria brasileira viu a contração aprofundar ainda
mais, com queda na produção e novos negócios.
A economia brasileira está estagnada, com o setor industrial
pesando neste quadro. No trimestre passado, o Produto Interno Bruto (PIB) do
país cresceu apenas 0,1 por cento, com a indústria marcando expansão de 1,7 por
cento sobre o segundo trimestre, quando houve menos dias úteis por conta da
Copa do Mundo e ajudando na recuperação agora.
Pesquisa Focus do Banco Central com economistas mostra que a
projeção é de contração de 2,26 por cento da indústria neste ano e crescimento
de 1,13 por cento em 2015. Para o PIB, as contas são de crescimento de 0,19 e
0,77 por cento, respectivamente.
A nova equipe econômica --encabeçada por Joaquim Levy no
Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa no Planejamento e Alexandre Tombini no
Banco Central-- já sinalizou mais rigor fiscal para tentar recuperar a
confiança dos agentes econômicos.
Fonte: REUTERS
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