O
Brasil pode ter três vezes mais fontes renováveis em energia elétrica, e 47%
mais em matrizes energéticas como um todo, se modificar sua política de
investimentos em energia até 2050. Os dados estão em relatório do Greenpeace,
ONG que defende causas ambientais.
Com
o atual planejamento do governo, o Brasil chegará em 2050 com 54,4% da energia
consumida sendo produzida em hidrelétricas, 23% via gás natural, 7,6% com
sistema eólico e 4,3% via biomassa. Já no cenário sugerido pela ONG, o país
pode chegar a 2050 com 39,6% da energia produzida por hidrelétricas, 21,1% com
sistema eólico, 13,4% com energia solar, 7,2% via biomassa e apenas 6,5% via
gás natural.
Nesse
cenário, fontes como o carvão e óleo combustível deixariam de ser utilizadas.
Nas
contas do Greenpeace, a mudança de matriz, com maior participação da energia eólica
e solar, elevaria os investimentos em R$ 690 bilhões, mas economizaria R$ 1,1
trilhão em gastos com combustível para abastecer as termelétricas, sobretudo,
nesse período.
GOVERNO
Ricardo
Baitelo, coordenador de clima e energia da Greenpeace Brasil, vai apresentar o
relatório nos próximos dias ao Ministério de Minas e Energia e à EPE (Empresa
de Pesquisa Energética). Segundo ele, o governo ainda não tem dimensão do
cenário de demanda energética até 2050. Seu planejamento para em 2030.
O
governo prepara um pacote de leilões de concessões energéticas para os próximos
anos. Biomassa, eólicas e pequenas centrais hidrelétricas, todas vislumbradas
pelo Greenpeace como alternativas, estão inclusas.
A
ONG também está em contato com associações que reúnem empresas de energia
eólica, como a Abeólica, e de painéis solares, para pleitear mais espaço nas
concessões.
Segundo
a EPE, até 2020, o Brasil terá 1.400 megawatts (MW) instalados de energia
solar. A expectativa do Greenpeace é de 2.800 MW.
"O
governo quer trazer mais térmicas para a matriz. Mas isso é a solução para quem
não fez a lição de casa", afirma Baitelo.
Com
reservatórios abaixo do esperado no ano passado, o governo aumentou o uso da
matriz termelétrica, com o intuito de evitar um desabastecimento. Para baixar o
custo, o governo quer oficializar essa matriz através dos leilões.
O
principal argumento da ONG para defender esse tipo de matriz é que, apesar de
exigir investimento maiores, se iniciados agora, em 2030 sua produção será mais
barata do que se for mantido o modelo atual, baseado em hidrelétricas e com
complementação das termelétricas.
PEQUENAS HIDRELÉTRICAS E BIOMASSA
A
ONG se opõe a obras como Belo Monte, grandes usinas hidrelétricas que apenas
nos períodos de cheia atingem seu pico de produção de energia. Mas apoia as
pequenas centrais, que reduzem os danos ao entorno. Outra fonte benéfica ao
meio ambiente é a biomassa.
A
EPE afirmou que vai abrir espaço para esse tipo de energia nos próximos
leilões, mas Baitelo afirma que as condições não são tão vantajosas quanto as
de outras matrizes. "São duas indústrias que estão se sucateando, e que
estavam em um bom nível de desenvolvimento há quatro anos", afirma ele.
Segundo
Baitelo, falta a elas as mesmas isenções de impostos concedidas ao setor de
energia eólica.
Fonte: Folha.com
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