Todo
empreendimento nasce de novo todos os dias. E, a cada dia, seu principal gestor
é obrigado a administrar as alegrias dos pequenos avanços e saber como cuidar
das dilacerantes, apesar de passageiras, cãibras do crescimento.
Temos, infelizmente, o hábito de ver as organizações de trás
para a frente. Talvez por culpa de nossos egos enormes, abafamos o grito dos
pequenos pânicos, quando lutamos bravamente para superar as dificuldades que se
apresentam diariamente, e divulgamos força e energia para nossos concorrentes,
amigos e parentes através da imagem de um bom administrador.
A história resultante, depois de alguns anos de sobrevivência,
ressalta assim apenas os pontos positivos. E, se não falimos, é porque
realmente soubemos conduzir nossa empresa a um destino brilhante. Conforme
constam dos registros que nós ajudamos a tornar públicos.
Mas todos nós sabemos, poucos meses depois de assumir nosso
empreendimento, que não é bem assim. Cada contrato novo, cada negociação em
torno de uma mercadoria, cada profissional que conseguimos agregar à nossa
equipe exige negociações cautelosas e nos obriga, na maioria das situações, a
engolir imensos sapos.
São situações que arranham e ferem nosso orgulho próprio e,
mesmo assim, em dores que nos aproximam do pranto, mantemos o sorriso estampado
no rosto e avançamos mais um dia, em busca da alegria que acreditamos aquele
acordo vai gerar.
Afinal de contas, a empresa, apesar de pequena, precisa ser mantida
aberta, pois daqui a alguns dias chegarão mais impostos, mais salários, mais
compromissos.
E precisamos estar a postos, em movimento, para emitir as notas,
apresentar relatórios para os sócios, dar continuidade aos compromissos
assumidos, para não perder os clientes que nos custaram tanto esforço.
A cenourinha que nos estimula, apesar das pequenas alegrias e
das cãibras que nos acometem durante o crescimento, é a esperança de atingirmos
um estágio no qual a organização ampliará de tal ordem sua complexidade, que
sejamos apenas uma das partes responsáveis pelo seu dia a dia.
Mesmo que ostentemos, ainda, o cargo de principal executivo,
aprenderemos, rapidamente, que uma empresa de grande porte precisa do
envolvimento de muitos cérebros e muitos músculos para navegar em qualquer
mercado que atue.
E as dores e as alegrias do renascimento diário serão, então,
compartilhadas pela gerência, instalada em salas confortáveis, com bônus e
status que a estimulem a navegar entre os agora grandes sustos e as grandes
alegrias diárias.
Fonte: UOL Notícias
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