Dividir
a gestão do negócio com parentes é algo comum em empresas familiares, mas, se
as tarefas não forem bem definidas e se cada um não tiver metas claras, os
problemas profissionais podem gerar atritos nas relações pessoais.
Crise
no casamento por problemas no negócio, ter que demitir um irmão e chefiar o pai
foram alguns desafios enfrentados por empresários ouvidos pelo UOL, no
encontro de empreendedores promovido pela Amcham (Câmara Americana de
Comércio).
Casal precisou de ajuda profissional para superar crise
Carla
Renata Sarni, 41, fundadora e presidente da rede de franquias de clínicas
odontológicas Sorridents, que tem 196 unidades no país, viu as divergências no
trabalho invadirem a vida familiar. Quando seu marido, Cleber Soares, 38, se
tornou vice-presidente do negócio, em 2001, o casal entrou em crise.
"Tivemos um problema de adaptação muito grande. Um se
sobrepunha às decisões do outro, a equipe não sabia a quem seguir, cada um
dizia uma coisa. Isso gerou um desgaste grande no relacionamento, pois levávamos
os problemas para casa e ficava um clima ruim no ambiente em que estávamos com
nossos filhos", diz.
A crise durou um ano e meio, até que a diretora de recursos
humanos da empresa sugeriu que o casal fizesse um coaching (treinamento para
ajudar no desenvolvimento profissional e pessoal). O trabalho durou um ano e
meio, de 2002 a meados de 2003, e, segundo Sarni, as discussões na empresa hoje
são 100% profissionais e os problemas não são levados para casa.
"Foi um desafio que não conseguimos superar sozinhos.
Somente com ajuda. Aprendemos a respeitar o limite do outro, a estabelecer quem
cuida do quê, a não culpar o outro por erros, a assumir as consequências do que
fazemos, inclusive, de decisões erradas. Trabalhamos juntos há 12 anos e
estamos muito bem", diz.
Demissão do irmão causou mal-estar na família
Leandro Mantovani, 45, é diretor da Keko, empresa de peças para
personalização automotiva de Caxias do Sul (RS). Ele diz que, desde a fundação,
há 28 anos, a família criou regras, como vetar a entrada de noras e genros no
negócio e atribuir metas para gestores. No entanto, isso não foi suficiente
para evitar uma situação delicada: Mantovani teve que demitir um irmão, que era
auxiliar administrativo, em 2003.
"Houve um mal-estar na família num primeiro momento, mas
explicamos que os resultados esperados não estavam sendo atingidos e todos
entenderam. Hoje, isso é algo bem resolvido na família, todos encaram de forma
séria e sabem que deve ser assim. Ele saiu para tocar um negócio próprio, teve
sucesso, e voltou para a empresa há sete anos", diz.
A entrada de um fundo de investimentos em 2007 ajudou a
profissionalizar a gestão, segundo Mantovani. "Todos os parentes recebem
salário compatível com o cargo que ocupam, respeitam a hierarquia e trabalham
de forma profissional. Se não der resultado, ele busca se desenvolver para
melhorar ou sai", declara.
Fonte: UOL Notícias
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