O
brasileiro tende a se ver como um povo criativo e empreendedor. Os dados do
último relatório de Empreendedorismo no Brasil (GEM Brasil 2013) indicaram
32,3% de empreendedores, na população brasileira, sendo 17,3% empreendedores
nascentes e novos e 15,4% já estabelecidos.
Deste
modo, estimavam-se cerca de 40 milhões de brasileiros de 18 a 64 anos
envolvidos com atividades empreendedoras. Bastante. Mas, outros dados nos
ajudam a distinguir impactos econômicos bem distintos entre os diversos portes
e naturezas de empreendimentos.
Assim,
o esforço denominado Empresômetro, criado pelo Instituto Brasileiro de
Planejamento e Tributação – IBPT -, utiliza todos os dados públicos sobre
empresas públicas e privadas ativas no país. Contabilizam todos os formatos
jurídicos (o que inclui, por exemplo, cooperativas, consórcios, fundações
etc.).
Quando
os dados ainda não foram disponibilizados usam as estatísticas de três anos
anteriores atualizando-os com as taxas de crescimento médio setorial. Assim,
graças a modelos e cálculos matemáticos informam em tempo real o número de
empresas por setor, por atividade, cidade, Estado etc.
Informam
que existem no Brasil 17,4 milhões de empresas ativas. Número considerável.
Examinados por setores distribuem-se deste modo: cerca de 8 milhões em
serviços, 7,15 milhões no comércio, 1,25 milhão na indústria e 720 mil em
agronegócio.
Mesmo
com número bem menor de empresas o agronegócio tem escorado o PIB brasileiro, e
demonstrou vigor e cresceu no ano passado 7% comparativamente ao pibinho de
2,3%. Mas, a criação de novas empresas neste setor tem declinado nos últimos 4
anos, o que é um sinal de alerta!
O
Empresômetro informa que 9 milhões das empresas são empresários individuais e
mais 375 mil são contribuintes individuais. Ou seja, mais de 50%. Assim, são
brasileiros que geram sua própria renda e ajudam a movimentar a economia. Mas,
seu impacto econômico, individualmente, é muito pequeno.
As
sociedades empresárias limitadas são 5,78 milhões, adicionando-se 818 mil
associações privadas. Esse tipo de empresas tem mais chances de agregar valor e
introduzir inovação por reunirem mais pessoas e recursos: desde empreendedores
a colaboradores.
Entretanto,
o maior impacto econômico resulta de um subconjunto de empresas que consegue
crescer a taxas elevadas, graças à agregação de inovação quer em produtos,
serviços, processos, matérias-primas, modelos de negócios, ampliação de
mercado, estratégias de marketing etc.
Os
negócios que agregam mais de 20% ao ano de pessoal ocupado por 3 anos
consecutivos são denominados empresas de alto impacto. E, se mantém este
crescimento por cinco ou mais anos são chamados de empresas gazelas.
Para se
ter uma ideia de quantas são e o de seu impacto, a parceria entre o IBGE e a
Endeavor, usando dados de 2005 a 2008, identificaram cerca de 31 mil
empreendimentos de alto impacto. Poucas: 1,7% do total de empresas brasileiras.
Mas a onda de choque que criam é imensa: quase 17% do pessoal ocupado
assalariado e 18% da agregação de valor em indústria, construção civil,
comércio e serviços.
E, é
esse o tipo de empreendimentos que mais precisamos! Urgentemente!
Pois,
estamos perdendo feio na competitividade tecnológica. O Monitor de Déficit
Tecnológico de 2013, que focaliza apenas a indústria, informa que em 2013,
importamos US$ 93 bilhões a mais do que exportamos, sobretudo em bens de alta e
média alta intensidade tecnológica.
Daí
que, na agenda política deveríamos ter como estratégia, num esforço conjunto
com a sociedade e empreendedores, investimentos e estímulos para agregação de
mais inovação, transformando conhecimento e tecnologia em negócios de alto
impacto.
Para
isto há muito a fazer, sobretudo reduzindo os fatores desfavoráveis aos nossos
empreendedores. Basta consultar, por exemplo, o Doing Business 2014, para ver
os pontos críticos a serem atacados para não sermos apenas um país exportador
de commodities e um grande mercado a ser explorado.
Fonte: UOL Notícias
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