Tudo indica que a economia parou ou até mesmo teve retração no
primeiro semestre, mas a ligeira melhora esperada para o terceiro e quarto
trimestres do ano deverá contar com uma ajuda providencial do calendário. Na
segunda metade de 2014, quatro dos cinco feriados nacionais caem no fim de
semana, o que significa um maior número de dias úteis tanto em relação ao
início do ano, prejudicado pela Copa do Mundo, quanto em comparação ao mesmo período
do ano passado.
Como
consequência, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, soma de toda a renda
gerada no País em determinado período) pode ganhar até 0,7 ponto porcentual no
resultado do terceiro trimestre, em relação ao trimestre imediatamente
anterior. O cálculo é da LCA Consultores, que estima que os feriados do segundo
trimestre tiraram 0,4 ponto do crescimento em relação ao primeiro trimestre do
ano.
O mau
desempenho do início do ano deverá ser confirmado com uma retração no segundo
trimestre. Os dados serão divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) na sexta-feira, 29. Segundo pesquisa da Agência Estado,
economistas de mercado preveem, na média, retração de 0,3% no PIB ante o
primeiro trimestre - nenhuma das 25 instituições ouvidas projeta alta.
Nos
cálculos da LCA, o terceiro trimestre terá 65 dias úteis, 10% acima dos 59
registrados no segundo trimestre. É a maior variação frente ao trimestre
imediatamente anterior desde 2003. Nos três últimos meses do ano, também serão
65 dias úteis, mantendo o patamar de julho a setembro.
Para
calcular os dias úteis, a LCA tirou dois dias do segundo trimestre e um dia do
terceiro, por causa dos jogos da seleção brasileira na Copa do Mundo, que
provocaram feriados, integrais ou parciais. "A Copa no Brasil mobilizou
mais. Em Copas nos outros países, muitas vezes os jogos eram em horários fora
do expediente", disse Bráulio Borges, economista-chefe da LCA.
A LCA
estima queda de 0,3% para o PIB do segundo trimestre, na comparação com o
primeiro. Se o número de dias úteis fosse o mesmo do primeiro trimestre, teria
havido crescimento de 0,1%. Para o terceiro trimestre, a consultoria projeta
alta de 0,9% ante o período imediatamente anterior, já considerando o 0,7 ponto
a mais por causa dos dias úteis.
Já a
consultoria Tendências prevê queda maior na atividade no segundo trimestre, de
-0,6%. "A indústria vai cair pelo quarto trimestre consecutivo, o
investimento também vem com queda importante", apontou Rafael Bacciotti,
economista da Tendências.
Mas a
consultoria aposta em uma expansão média de 0,5% no PIB tanto do terceiro
trimestre quanto do último trimestre do ano. Bacciotti concorda que, passado o
período da Copa, quando a redução no número de dias úteis reverteu-se em
prejuízo da produtividade, a recuperação no ritmo de trabalho deve afetar
positivamente o PIB do terceiro trimestre.
"O
ambiente geral ainda é muito ruim, com dados de confiança do consumidor em
queda, ambiente econômico afetando o otimismo e mercado de trabalho com demissões
em setores importantes como reflexo do período de baixo crescimento",
ponderou Bacciotti. "Há risco que a expansão (no PIB) seja mais moderada
por causa desses fatores", acrescentou.
Por sua
vez, a RC Consultores espera um avanço do PIB em torno de 0,4% ou 0,5% no
terceiro trimestre ante o segundo, após um recuo de 0,3% na leitura anterior.
"Embora a indústria esteja bem debilitada, ela vai ter um terceiro
trimestre melhor que o segundo", avaliou Thiago Biscuola, economista da RC
Consultores, citando também a esperada recuperação nas vendas do varejo após o
prejuízo durante a Copa.
Fonte: Estadão
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