Diretor do BRICLab, da
Universidade de Columbia, culpa atraso em reformas econômicas e falta de
investimentos por desempenho 'constrangedor' em empreendimentos com foco em
tecnologia.
Um artigo de opinião
publicado nesta quarta-feira no diário britânico Financial Times diz que o
Brasil mostra "abundância em criatividade e empreendedorismo", mas,
ao mesmo tempo, tem tido um desempenho "constrangedor" na área de
inovação tecnológica.
"Os brasileiros têm
orgulho do que sua criatividade conquistou nas artes, arquitetura e futebol —
pense na Bossa Nova, Oscar Niemeyer e Neymar", escreve Marcos Troyjo,
diretor do BRICLab, da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos.
Ele diz que essa mesma
criatividade teria sido aplicada com sucesso em produtos de empresas como
Embraer, Osklen, Natura e Alpargatas (sandálias Havaianas), e lembra que o país
foi saudado como o mais empreendedor de todos os países do G20 pelo relatório
Global Entrepreneurship de 2010.
"Mas por que nós
não vemos (no Brasil) mais start-ups buscando se tornar Googles, Teslas ou
Twitters?", pergunta ele. "Por que o país vai tão mal quando se trata
de abrir empresas inovadoras com foco em tecnologia?"
O autor diz que é
"constrangedor" quando se considera o número de pedidos de patentes
feitos por empresas brasileiras na Organização Mundial de Propriedade
Intelectual.
"Em 2012, os
Estados Unidos entraram com 50 mil pedidos; a China, com 17 mil; e o Brasil só
com 600".
Troyjo reconhece que o
país tem publicado pesquisas em publicações científicas, mas nota que não são
trabalhos "com foco em produtos inovadores".
Ele diz que iniciativas
do governo como o Ciência sem Fronteiras são "bem-vindas", mas que o
programa mal chega perto de uma Pesquisa e Desenvolvimento voltada para o
mercado, que "requer uma abordagem mais simpática a negócios".
O texto avalia que o
setor privado deve ter um papel mais atuante para mudar este cenário e que sem
reformas econômicas vai ser difícil para o país gerar produtividade e
prosperidade para seu setor de pesquisa e desenvolvimento de inovações.
"Inovação
geralmente brota de uma interação entre capital, conhecimento, espírito
empreendedor e um ambiente apropriado", escreve Troyjo.
"(Mas) É possível
se criar um ambiente desses quando o Brasil investe apenas 1% do PIB em
pesquisa e desenvolvimento, contra uma média de 2,3% (dos países) da OCDE
(Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico)?", pergunta ele.
Troyjo aponta para essa
situação (falta de foco e investimento em inovação tecnológica) como causa da
"desindustrialização da pauta de exportações do Brasil", ao lado do
apetite da China por commodities da agricultura e da mineração.
"As exportações dos
setores de agricultura e mineração do Brasil ultrapassaram as de bens
manufaturados no ano passado. Isto não acontecia desde 1978", diz o
Troyjo.
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