Comumente,
quando nossos jovens são indagados sobre exemplos de marcas internacionais, com
frequência exagerada ouvimos Microsoft, Google, Apple, Facebook, Nike, BMW,
Audi, Mercedes Benz etc.
Quando
perguntados sobre empreendedores que eles admiram, as referências tendem mais a
ser externas. Brasileiros surgem raramente: Silvio Santos, Antonio Ermírio,
Eike Batista –quando este ainda era enaltecido pela mídia. Dificilmente uma
mulher.
No
entanto, diversos brasileiros construíram negócios que atravessaram nossas
fronteiras, com presença em diversos países, até com instalações fora daqui,
até com unidades de produção no exterior.
Temos
grandes lições de garra empreendedora, visão, superação de adversidades e de
empreendedorismo familiar que perdura por gerações construindo negócios
invejáveis com marcas reconhecidas.
Um
destes casos é o da Tramontina. Hoje, com 103 anos, 10 fábricas –uma em Belém,
outra no Recife e oito no Rio Grande do Sul, 6.000 funcionários, fabricando
mais de 17 mil itens, está presente em mais de 120 países com sua própria
marca.
Empreendedores
aos quais devemos tirar o chapéu! Afinal, se não é fácil empreender em nosso
país agora, imaginem nos idos de 1911, numa vila que mal nascera, fruto da
extensão ferroviária: Carlos Barbosa.
Pois, a
ferrovia é percebida como oportunidade, e valentemente o nosso Valentin
Tramontina, filho de colonos italianos que trouxeram as marcas da
industrialização, se aventura a fazer ferramentas.
Valentin
monta sua pequena ferraria nesta vila. De fato era um ferreiro que vivia de
fazer canivetes e facas, ferrar cavalos e de prestar pequenos serviços de
consertos para empresas como a refinaria de banha de Arthur Renner (cujo
descendente fundou as lojas Renner!).
A
produção se mantém artesanal, e os novos modelos oferecem cabos de chifre ao
invés da tradicional madeira. Só em 1932 ele "terceiriza parte da
produção" ao fazer com que agricultores, no tempo livre, em casa,
fabriquem os canivetes e facas.
O
infortúnio acontece, Valentin morre em 1939, e não fosse a esposa D. Elisa
assumir as rédeas no negócio, este teria fracassado, nos tempos difíceis da
guerra. Ela é quem vai à frente e abre os mercados regionais e da capital para
os poucos produtos que faziam.
Não
fosse a amizade entre Ivo, filho de D. Elisa, e Ruy J. Scomazzon, aluno da
faculdade de Ciências Econômicas da PUC que, apenas com 20 anos, começa a
assessorar a empresa, em 1949. Sua visão marca uma inflexão.
A
Tramontina adquire máquinas e implanta inovações que a transformam numa
manufatura, produzindo itens em série. Scomazzon entra para a sociedade em
1954.
Daí para
a frente, Ivo e Ruy fazem a empresa crescer com ampliações da fábrica, com
novas unidades em outros municípios. Passa a ser uma sociedade anônima em 1961,
ano em que morre a empreendedora Elisa. No começo dos anos 70 se inicia a
exportação.
De lá
para cá, sobretudo a partir de 1992, quando assume Clóvis Tramontina, tem
estendido sua linha de produtos, por exemplo: móveis de madeira e de plástico.
Tem centros de distribuição no exterior. Inaugurou em 2013 uma loja conceito no
Rio.
A
Tramontina é uma das empresas mais importantes do Brasil, uma referência
mundial em cutelaria, um grupo profissionalizado com muitas lições de
empreendedorismo. Está na hora dos nossos jovens reconhecerem e admirarem estes
empreendedores da saga Tramontina!
Fonte: UOL Notícias
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