Hoje é
o segundo dia que você abre as portas de sua empresa. Se você está confiante,
bem-humorado e descansado, cuidado.
Sua
empresa corre o risco de não conseguir sobreviver além das reservas que você
acumulou juntando indenizações trabalhistas e a poupança com as vendas do carro
e da parte do sítio que herdou de seus avós.
Para
transformar qualquer empreendimento em uma fonte relativamente sustentável de
renda, de onde você conseguirá arrancar os salários de seus funcionários, o
aluguel do espaço que ocupa, os impostos e um pro-labore que não o constranja
demais, é necessário simular o pânico dos desesperados todas as horas, de todos
os dias.
Se você
não tem medo de falhar e é confiante a ponto de se dar ao luxo de consultar
calmamente as redes sociais ao longo do expediente; de se prolongar num almoço
de negócios, sem ter detalhado previamente a pauta; de ter disponibilidade para
resolver um problema doméstico perfeitamente adiável, cuidado.
Cuidado,
pois, desde o primeiro instante em que assume a empresa, como sócio majoritário
ou não, você deveria ter entrado num simulador de pânico. Porque as variáveis
contra o seu eventual sucesso operam a todo vapor.
Os
imprevistos estão todos aí, à espreita, prontos para romper um contrato já
negociado, que consumiu vários almoços prolongados e que ainda não foi
assinado, ou escancarar um erro cometido por você ou por seus subordinados.
Sobreviver
num simulador de pânico é ótimo para os negócios. Você só perceberá as
vantagens quando descobrir no sucesso de alguns de seus concorrentes, o foco
implacável dos que ultrapassaram a barreira do pânico permanente, simulado ou
não.
São
empresários que aprenderam a dirigir suas organizações absolutamente focados
nas nuances do negócio que administram. Apesar de, com o tempo, aprenderem a
simular naturalidade e serem mais ou menos agradáveis no trato e nas
negociações de novos acordos.
Basta
uma escorregadela de seus interlocutores que estarão atentos e prontos para
assimilar a informação que escapou e que será usada, rapidamente, na
alavancagem dos acordos em andamento ou para se transformar em vantagem
competitiva para a empresa que dirige.
Esse
foco implacável premiará os empresários que se jogarem de corpo (e
principalmente de alma) nos simuladores de pânico. E, mais tarde, caso se
tornem relativamente estabilizados no mercado, poderão até se dar ao luxo de
simular para seus interlocutores e concorrentes a imagem de "vencedores de
bem com a vida".
Fonte: UOL Notícias
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