A
prévia da inflação oficial no país desacelerou em julho para alta de 0,17 por
cento, beneficiada pelos preços de transportes e alimentos, mas em 12 meses
estourou o teto da meta do governo, reforçando as perspectivas de que haverá
novo aperto monetário no próximo ano. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor
Amplo-15 (IPCA-15) acumulou em julho alta de 6,51 por cento em 12 meses,
informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta
terça-feira, um pouco abaixo do esperado pelos especialistas.
Em
junho, o indicador havia mostrado alta de 0,47 por cento, acumulando em 12
meses avanço de 6,41 por cento. A meta do governo é de 4,5 por cento pelo IPCA,
com margem de 2 pontos percentuais para mais ou menos.
A
última vez em que a inflação superou o teto da meta ao final do ano e que o
Banco Central teve de publicar uma carta aberta foi em 2003, no primeiro ano do
governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando a alta do IPCA foi
de 9,3 por cento. Em 6,51 por cento, no entanto, o BC ainda não teria de dar
explicações porque adota a metodologia da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) para eventualmente arredondar a segunda casa do IPCA após a
vírgula.
Pesquisa
da Reuters mostrou que, pela mediada dos economistas consultados, o IPCA-15
subiria 0,20 por cento na base mensal e 6,55 por cento em 12 meses.
"Por
efeito sazonais, a inflação deveria estar ainda mais baixa. Vemos que o índice
de difusão continua em patamar alto, apesar de ter recuado, e a trajetória para
os preços é preocupante até o final do ano", avaliou a economista da CM
Capital Markets Camila Abdelmalack, para quem o índice de difusão caiu de 66,5
por cento em junho para 62 por cento agora.
Para
ela, a Selic termina este ano em 11 por cento, mas o ciclo de aperto monetário
deve ser retomado no início de 2015, com o juro básico encerrando o próximo ano
a 12 por cento.
ALIMENTOS
E TRANSPORTES Os principais responsáveis pelo resultado de julho do IPCA-15
foram os grupos Transportes e Alimentação e bebidas. O primeiro, segundo o
IBGE, recuou 0,85 por cento em julho, após alta de 0,50 por cento no mês
anterior, com impacto negativo de 0,16 ponto percentual no índice do mês.
Já
Alimentação registrou variação negativa de 0,03 por cento, sobre alta de 0,21
por cento em junho, com impacto negativo de 0,01 ponto percentual.
Na
ponta oposta, o grupo Despesas pessoais mostrou inflação mensal de 1,74 por
cento em julho, acima do 1,09 por cento visto no mês passado, tornando-se o
principal impacto no indicador, de 0,19 ponto percentual. Para tentar segurar a
inflação, o Banco Central elevou a Selic para o atual patamar de 11 por cento
durante um ciclo de aperto monetário que durou um ano. A maioria dos agentes
econômicos não espera que o BC mude a Selic neste ano, mas acredita que irá
elevá-la novamente em 2015, como mostra a pesquisa Focus com economistas.
No
mercado futuro de juros, as apostas de novas elevações da Selic também
continuavam.
"No
acumulado em 12 meses a inflação pode chegar perto de 7 por cento até novembro,
mas enxergamos estabilidade da Selic este ano porque a atividade está
fraca", disse o economista da Rosenberg & Associados Leonardo França
Costa.
Inflação
alta e crescimento baixo vêm abalando a confiança em geral no ano em que a
presidente Dilma Rousseff busca a reeleição. A perspectiva para o crescimento
do Produto Interno Bruto (PIB) no Focus foi reduzida nesta semana para abaixo
de 1 por cento
Fonte: REUTERS
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