O
cenário da reticente recuperação da economia brasileira se tornou ainda mais
incerto após a eclosão das manifestações sociais nas últimas semanas.
A
retomada depende principalmente de investimentos, que dependem da confiança dos
empresários na retomada.
O
modelo de crescimento econômico baseado em expansão insustentável do consumo se
esgotou, deixando como herança pressões inflacionárias.
Depois
de resistir a atacar o problema, o governo mudou de estratégia há alguns meses.
Resolveu tentar combater a alta de preços com aumento mais forte da taxa de
juros.
Ao
tornar o custo de tomar dinheiro emprestado mais caro, o aperto monetário tende
a inibir o consumo.
A
expectativa era de que uma postura mais firme de controle da inflação
contribuiria para animar as empresas que, em resposta, aumentariam os
investimentos.
Seria
a rota para um ciclo de crescimento mais sustentável. Mas o experimento foi
atropelado pela virulência dos protestos.
Economistas
têm evitado estimar o impacto imediato das manifestações das últimas semanas
sobre o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre.
Há
um reconhecimento, no entanto, de que a turbulência já mordeu um pedaço do
crescimento. Faz sentido: lojas fechadas não vendem. Atrasos na entrega de
encomendas prejudicam a produção da indústria. Esses são efeitos de curto prazo
que podem desaparecer à medida que os protestos continuem a perder força.
Para
a economia no médio prazo importará o impacto da recente explosão de
insatisfação social sobre a confiança de consumidores e empresários.
Dados
positivos poderiam ajudar a melhorar os ânimos, mas as boas notícias têm
tardado a dar o ar da graça.
A
indústria, que tinha emitido sinais de estar saindo do atoleiro em abril,
voltou a afundar em maio.
Os
poucos indicadores disponíveis para junho estão mais para pasmaceira do que
para retomada vigorosa. A confiança de consumidores e empresários, por exemplo,
caiu.
Reportagem
publicada hoje na Folha mostra que o varejo está mais pessimista. O IDV
(Instituto para Desenvolvimento do Varejo) afirma que a forte recuperação
antevista para julho e agosto está ameaçada.
Nenhum
sinal, portanto, de que o tão necessário otimismo esteja ensaiando voltar.
Fonte: Folha.com
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