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segunda-feira, 15 de julho de 2013

Um crescimento econômico menor e melhor?




A economia mundial pode até estar desacelerando, à medida que China e outras economias emergentes veem o ritmo de suas economias cair e os países ditos desenvolvidos seguem em recuperação gradual.

Mas crescer a um ritmo mais sustentável não é necessariamente uma coisa ruim. É claro que isso depende da natureza da desaceleração.

Primeiro, considere o crescimento econômico global no contexto. O produto interno bruto mundial (PIB) cresceu em mais de 4% durante a década de 2000, antes da crise de Estados Unidos e Europa. Isto significa um ponto percentual acima de toda a metade do século anterior.

Lideradas por China e Índia, as economias emergentes cresceram 7,5%, enquanto as economias chamadas desenvolvidas avançaram cerca de 2,6%. O consumo, alimentado pela facilidade de crédito e consequente endividamento nos EUA e em algumas partes da Europa, foi uma das razões para a expansão naquela década. O forte crescimento das economias emergentes foi outra.

Antes de 2000, as economias emergentes cresceram 3,6%, mas este percentual mais do que dobrou ao longo da década seguinte. Essas economias tornaram-se mais integradas globalmente e muitos tiveram superávit comercial com EUA e Europa, o que aumentou significativamente as taxas de crescimento.

No caso do Brasil, por exemplo, o crescimento médio anual foi de 3,3% entre 2000 e 2009, mais que o dobro observado nos anos 90 (1,5%, em média), e desempenho que vem sendo repetido entre 2010 e 2013, com expansão de serviços e estabilidade e queda no segmento industrial.

Bolha da dívida

Mas desde que a crise financeira global começou, parte deste crescimento tem sido alimentado pela dívida em vez de exportações. O Banco de Compensações Internacionais estima que a dívida cresceu US$ 33 trilhões de dólares em todo o mundo desde 2007. Isso é igual à metade da produção anual da economia mundial.

Esta não é a fonte mais sustentável de crescimento, como o Ocidente aprendeu.

Então, quando o crescimento desacelera em lugares como a China, onde o crédito tem se expandido muito rapidamente, isso não é necessariamente ruim. O desafio é administrar a desaceleração. Já isso não é simples.

O que é evidente é que o comércio é menos um motor de crescimento agora para esses países, já que europeus e americanos consomem com moderação.

Isso significa que, para países com grande deficit em conta corrente (indicador que inclui os fluxos de dinheiro bem como de comércio), como Turquia e México, pode ser mais difícil financiar esses deficit. Significa, também, que ter um mercado interno considerável será ainda mais importante.

Classe média

É por isso que empresas como a Burberry são um indicador de onde a demanda está agora. A loja de roupas britânica chegou a 2 bilhões de libras (R$ 6,8 bilhões) em receitas pela primeira vez, impulsionada pelo crescimento de vendas de dois dígitos na China e outras partes da Ásia.

Apesar de empresas como Burberry servirem aos mais ricos no mercado consumidor, não deixam de ser um indicador do crescimento da nova classe média. Por exemplo, apesar de as exportações chinesas terem caído em junho de forma mais forte desde que a crise global começou, e de as importações também registrarem um inesperado declínio, as importações de bens de consumo (categoria na qual a Burberry se enquadra) subiram 8% em relação a um ano atrás.

Em outras palavras, houve queda na importação de matérias-primas e bens intermediários. Mas os bens para consumo doméstico aumentaram.

Tal demanda é encontrada principalmente em grandes mercados emergentes como China e Índia, com suas populações de mais de bilhões de pessoas, mas também na Indonésia e no Brasil, com sua população de pouco mais de 200 milhões.

Crise bancária

Claro, a chave é se a classe média está tomando demais emprestado para consumir. Sabe-se que isso pode acabar em catástrofe.

Como muitos desses países em desenvolvimento ainda não são totalmente "bancarizados" - com muitos indivíduos sem conta - e dependem de dinheiro vivo, o problema da dívida é mais corporativo que pessoal. Por exemplo, o crédito concedido pelos bancos privados é de apenas 25% do PIB na Indonésia, 47% na Índia e 52% no Brasil.

Mas ainda vale a pena se preocupar com a crise bancária, que certamente atrapalha o crescimento.

Se as economias emergentes crescerem 6% como previsto pelo FMI, o mesmo Fundo estima que a economia global estará crescendo a um ritmo de 4% até o final do próximo ano, enquanto as economias avançadas poderiam chegar a 2%.

Seria um bom ritmo, mas mais lento do que nos dias de glória da década de 2000. E a um ritmo mais sustentável, que teria mais chance de durar.


Fonte: UOL Economia


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