A
queda no nível de atividade econômica em maio, captada pelo indicador do Banco
Central que tenta antecipar o desempenho da economia (IBC-Br), não foi
considerada surpreendente dentro do governo.
Apesar
do recuo de 1,4% ter sido maior do que as expectativas, a equipe econômica já
esperava um número ruim.
Segundo
a Folha apurou, a maior preocupação está no resultado de junho, que
deverá mostrar o impacto das manifestações por todo o país na economia.
O
ministro Guido Mantega (Fazenda) já foi alertado pelos varejistas de que as vendas
na segunda quinzena de junho foram muito afetadas pelas manifestações, que
provocaram o fechamento do comércio em várias partes do país.
Mas
os técnicos do governo ainda tentam mapear o tamanho do estrago. O receio é que
se for concretizado um impacto maior em junho, o PIB (Produto Interno Bruto) do
segundo trimestre do ano será ruim.
E,
com isso, a recuperação da economia poderá não ser tão boa como espera o
governo, afetando diretamente o ânimo dos empresários para investir.
A
recuperação dos investimentos é a aposta da equipe econômica para sustentar o
crescimento econômico neste ano e em 2014, quando a presidente Dilma Rousseff
tentará se reeleger.
Hoje
o ministro Guido Mantega se reúne com empresários e investidores para ouvir as
inquietações e tentar convencê-los a não abandonar a agenda de investimentos.
ESTAGNAÇÃO
Para
Mauro Rochlin, professor de economia do Ibmec, o número do IBC-Br de maio deixa
claro que, "de fato, a economia brasileira está com taxas muito próximas
de uma estagnação".
Segundo
ele, isso é consequência do fim do modelo de crescimento econômico baseado no
consumo, já que, no outro lado, o governo não tem conseguido turbinar os
investimentos públicos e privados.
"Tivemos
um crescimento mais alto em abril e queda em maio, essa trajetória errática
confunde. Não há uma estabilidade dos índices e isso retrai
investimentos", diz.
Segundo
ele, "é consagrado" o papel das expectativas para retomada de
investimento. "O governo não tem sido capaz de despertar o espírito animal
nos empresários. Os passos que ele toma não trazem segurança".
Para
o professor, a agenda de concessões, fundamental para o governo estimular os
investimentos, ficou prejudicada "pelas idas e vindas na definição de
marcos regulatórios em áreas como portos e aeroportos".
Para
piorar, ele acredita que a resposta às manifestações de ruas que ocorreram
recentemente também gera insegurança para os empresários. "Houve recuo nos
reajustes e isso do ponto de vista empresarial é quebra de contrato e não
estimula mais investimentos", afirma.
Fonte:
Folha.com
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