Após várias horas de reunião ontem no Palácio do
Planalto, a presidente Dilma Rousseff disse ao ministro da Fazenda, Guido
Mantega, que só fará corte adicional nas despesas do governo que seja realmente
justificável.
O encontro de ontem terminou sem decisão, mas cresceu a
defesa por um corte mínimo ou, até, nulo.
Segundo a Folha apurou com integrantes da área
econômica, os ministérios do Planejamento e da Casa Civil estão travando uma
batalha contra a Fazenda para evitar que o bloqueio orçamentário prejudique
investimentos federais e acentue a desaceleração do PIB.
A proposta da Fazenda é de um corte entre R$ 11 bilhões
e R$ 13 bilhões, mas a conta não ganha eco nesses dois ministérios. As três
pastas integram a chamada junta orçamentária. Essa é a primeira vez que
Planejamento e Casa Civil contestam a proposta da Fazenda dessa forma.
Durante a reunião, afirmou-se que uma economia no
montante proposto por Mantega tiraria recursos da Saúde e da Educação,
comprometendo, por exemplo, a criação de cursos de engenharia e medicina.
A Fazenda quer promover o bloqueio orçamentário para
dar ao mercado sinalização de responsabilidade fiscal, em um momento que a
inflação tem levado o Banco Central a elevar a taxa de juros básica da
economia, a Selic.
NA META
Mais cedo, durante reunião do Conselho de
Desenvolvimento Econômico e Social, Dilma disse ter "certeza" de que
a inflação vai fechar 2013 dentro da meta do governo, de 4,5% ao ano, com
tolerância de dois pontos para mais ou para menos.
Diante de ministros, empresários e representantes da
indústria e do comércio, Dilma destacou que a inflação "vem caindo de
maneira consistente" nos últimos meses e, em julho, ficará "muito
próximo de zero".
Em junho, o índice oficial IPCA desacelerou ante maio,
fechando em 0,26%, mas ultrapassou o teto da meta em 12 meses, chegando a 6,7%.
O mercado prevê que o IPCA fechará o ano em 5,8%.
"É incorreto falar em descontrole da inflação ou
das despesas do governo. É desrespeito aos dados, à lógica, para dizer o
mínimo. A informação parcial, da forma que muitas vezes é explorada, confunde a
opinião pública e visa criar um ambiente de pessimismo. O barulho tem sido
muito maior que o fato", afirmou Dilma.
A presidente afirmou ainda que a pressão inflacionária
é "fruto de algumas questões que não controlamos". Citou, com isso, o
que chamou de "choque forte de oferta", que aconteceu, segundo ela,
no segundo semestre do ano passado e que "repercutiu fortemente"
neste ano.
Fonte: Folha.com
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