Ao
mesmo tempo em que reduziu as expectativas de inflação para este ano e o
próximo e vê a economia crescendo menos, o Banco Central informou nesta
quinta-feira que os efeitos da sua política monetária, "em parte, estão
por se materializar", mas repetiu que tem de se manter
"vigilante".
Segundo
a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), quando decidiu
manter a Selic em 11 por cento ao ano, o BC também informou que "as
decisões futuras de política monetária serão tomadas com vistas a assegurar a
convergência tempestiva da inflação para a trajetória de metas".
"Nos
últimos doze meses as condições monetárias foram apertadas, mas o Comitê avalia
que os efeitos da elevação da taxa Selic sobre a inflação, em parte, ainda
estão por se materializar", trouxe a ata do Copom.
No
documento anterior, de abril, a autoridade monetária havia dito que os efeitos
da política monetária sobre a inflação eram "cumulativos" e se
manifestavam "com defasagens", e que "parte significativa"
dos efeitos das altas da Selic estava para acontecer.
Na
semana passada, o BC interrompeu o ciclo de aperto monetário iniciado em abril
de 2013 ao decidir manter a Selic em 11 por cento ao ano, como era amplamente
esperado pelos agentes econômicos apesar de a inflação ainda estar elevada e
perto do teto da meta do governo --de 4,5 por cento pelo IPCA, com margem de
dois pontos percentuais. [NL1N0OF029] O que chamou a atenção foi o BC ter dito,
em comunicado, que a decisão ocorria "neste momento", expressão que
voltou a usar na ata publicada mais cedo, deixando a porta aberta para voltar a
subir a taxa básica de juro em pouco tempo. Já existem apostas de que o BC terá
de voltar a elevar a Selic no fim deste ano, após as eleições, ou no início do
próximo, o que foi reforçado com o comunicado daquela noite.
Pesa
ainda para o BC, segundo avaliação de parte dos agentes econômicos, o fraco
desempenho da economia neste ano. Com mais altas de juros, a atividade poderia
ser ainda mais afetada via consumo, justamente quando a presidente Dilma
Rousseff tenta a reeleição.
Na ata,
o BC também afirmou que o ritmo de crescimento da atividade doméstica tende a
ser menor neste ano, diferentemente do que afirmava até então, de que ele
tendia a se manter "relativamente estável".
Pela
ata, o BC também reduziu sua projeção para a inflação, sem informar os valores,
tanto para 2014 quanto 2015 pelo cenário de referência. No entanto, informou
que elas continuam acima do centro da meta.
Dirigentes
do BC têm dito que a recente inflação nos preços dos alimentos é temporária,
balizando a decisão de parar de subir os juros. Mas, por outro lado, demonstra
forte preocupação com a inflação de preços administrados. Na ata o BC manteve o
cálculo de que ela ficará em 5 por cento neste ano.
Fonte: REUTERS
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