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quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Inflação em 12 meses cede, mas não há sinal de afrouxamento de alta dos juros



Ainda que a inflação em outubro tenha ganho fôlego com o câmbio e a nova rodada de fortes aumentos de alimentos, o IPCA acumulado em 12 meses se estabilizou nos dois últimos meses ao redor de 5,8%, abaixo do teto da meta do governo (6,5%) e num nível inferior às taxas das medições anterior. Em outubro, o índice ficou em 5,84%. Em junho, o acumulado bateu no teto, com 6,70% --variação superior, portanto, ao limite máximo estabelecido pela equipe econômica.
Segundo analistas, a menor pressão, entretanto, não é um sinal de alento nem sinaliza um afrouxamento da política de alta dos juros, cujo objetivo é conter o consumo e, por conseguinte, os preços.
"O Banco Central vai ter de continuar aumentado os juros. O BC trabalha, e não é de hoje, com compromisso que não é mais o centro da meta [de inflação, de 4,5% neste ano], mas aceita uma inflação mais alta. Isso requer um instrumento monetário [a alta dos juros para segurar a inflação]", diz o economista Gabriel Leal de Barros, da FGV.
Em outubro, a autoridade responsável pelos rumos dos juros básicos da economia e por monitorar a inflação elevou a taxa Selic para 9,50%. Um grupo de analistas espera mais um aumento até o fim do ano de 0,50%. Assim, a taxa fecharia 2013 em 10%. Se concretizada a previsão, será o mais alto patamar desde janeiro de 2012.
Barros diz que o governo aposta somente na alta dos juros para segurar a inflação, sem lançar mão de outro importante instrumento: o controle dos seus próprios gastos especialmente num ano em que a arrecadação frustrou diante de um crescimento econômico aquém do previsto.
Sem ajustar as despesas ao menor ritmo da receita obtida com impostos e outras fontes, o governo ampliou neste ano desonerações tributária para estimular a economia --medidas que não tiveram o efeito esperado, segundo analistas-- e aumentou gastos sociais, como consequência, por exemplo, do maior déficit da Previdência.
Esses e outros fatores colocam em risco a meta de superávit primário (a economia feita pelo governo para pagar os juros da dívida), de 2,3% do PIB neste ano. Muitos analistas não creem que o objetivo será alcançado.
Talvez de olho numa provável redução da nota de risco de crédito do país pelas agências internacionais --que, se vier, poderá ampliar os custos do governo para captar juros no exterior e pagar parcelas de empréstimos--, a equipe econômica já anunciou medidas de austeridade. Uma delas foi a menor injeção de recursos do Tesouro no BNDES, o que limitará o orçamento do maior banco de fomento do mundo a R$ 150 bilhões no próximo ano --em 2013, a cifra estimada é de R$ 190 bilhões.
COMBUSTÍVEIS
Apesar de vir num patamar elevado (0,57%), o IPCA de junho ficou perto do esperado pelo mercado. O Itaú previa 0,60% e já antevia uma forte pressão dos alimentos, principal motor da inflação em outubro, com alta de 10,3% --perto da variação prevista pelo banco, de 1,1%. A instituição estima um IPCA de 5,8% em 2013, ou seja, no mesmo nível do acumulado em 12 meses até outubro.
O governo também já vislumbrava uma pressão intensa dos alimentos e, por isso, não permitiu ainda um reajuste da gasolina --asfixiando as contas da Petrobras, que pleiteia um aumento ainda neste ano e quer uma fórmula previamente determinada de reajustes periódicos para 2014.
Diante do fim do período de queda dos preços do álcool --que passaram de uma deflação de 0,72% em setembro para uma alta de 0,93% em outubro--, a gasolina também interrompeu a tendência de redução. Os preços médios do combustível ficaram praticamente estáveis em outubro (0,01%), após uma retração de 0,42% em setembro.
Os dados mostram que o governo talvez tenha perdido a "janela" para reduzir o preço da gasolina e evitar um impacto maior ao consumo, aberta com o forte recuo dos últimos meses do álcool diante da safra recorde de cana deste ano.

Fonte: Folha.com

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