A aprovação no Congresso do projeto que desobriga o governo de
cumprir a meta de superavit primário -poupança para pagar os juros da dívida
pública- reforçou no mercado financeiro a percepção de que o Brasil passa por
um descontrole em sua capacidade de equilibrar receitas e despesas (esforço
fiscal).
E esse cenário abala a imagem
do país aos olhos de investidores estrangeiros, de acordo com analistas.
Para os economistas, esse
ambiente faz com que, em momentos de fuga dos investidores de aplicações
consideradas de maior risco -quando há instabilidades no mercado
internacional-, a aversão ao Brasil seja mais intensa que a outros emergentes.
Prova disso é que, no ano, até
ontem, o Ibovespa, principal do mercado acionário brasileira, tinha queda de
13,56% em reais e 23,06% em dólares -a maior desvalorização entre as Bolsas dos
dez principais países emergentes.
Em segundo lugar vinha a baixa
da Bolsa chilena, de 20,67% no ano, em dólares.
Já o real tinha desvalorização
de 11,35% em 2013 em relação ao dólar: a quinta maior entre as 24 moedas
emergentes mais negociadas.
"Para mudar a situação
fiscal, o governo precisaria tomar uma série de medidas, como cortar gastos e
impostos", diz Paulo Gala, estrategista da Fator Corretora.
Para Julio Hegedus,
economista-chefe da consultoria Lopes Filho, o descontrole fiscal deve
permanecer pelo menos durante 2014, porque o governo não vai reduzir gastos nem
aumentar impostos em ano eleitoral. "E continuamos com inflação elevada e
crescimento modesto do PIB [Produto Interno Bruto], o que prejudica ainda mais
nossa imagem no exterior."
Segundo pesquisa da agência de
notícias internacional Bloomberg, só 10% de 750 analistas e investidores
acreditam que o país não terá sua nota rebaixada em 2014 por agências de
classificação de risco. E 51% estão pessimistas com a política de Dilma
Rousseff, em comparação com 22% em janeiro de 2011, quando ela assumiu o
governo.
Fonte: Folha.com
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