As incertezas em relação ao desempenho da economia brasileira
fizeram com que as operações de compra e venda de empresas andassem mais
devagar em 2013.
O interesse pelo Brasil
continuou alto, mas, no final, negócios relevantes acabaram não concluídos, de
acordo com alguns dos principais escritórios de advocacia do país ouvidos pela Folha.
Além do baixo crescimento, os
efeitos da desvalorização do real, as manifestações de rua e a memória da
intervenção do governo no setor elétrico, feita no final do ano passado,
contribuíram para a indecisão dos investidores, dizem advogados que assessoram
operações desse tipo.
Eles afirmam que os
compradores, especialmente os estrangeiros, ficaram mais reticentes e, com
isso, as operações demoraram mais para se concretizar.
Números do mercado corroboram
essa percepção. A mudança na disposição dos investidores apareceu especialmente
nos valores envolvidos: R$ 15 bilhões a menos que no ano anterior, segundo
dados da consultoria TTR - Transactional Track Record, que mapeia diariamente
as operações no Brasil.
Até meados de dezembro, foram
concluídas 809 fusões ou aquisições, envolvendo R$ 173 bilhões. Em 2012, foram
860 operações, movimentando quase R$ 188 bilhões.
SAÚDE
Um dos grandes negócios de 2012
foi a venda da Amil para a americana United Health, uma transação de quase R$
10 bilhões à época (US$ 4,9 bilhões).
O mercado de compra e venda de
empresas reflete a percepção dos investidores sobre o futuro. Quando as
perspectivas são positivas, a tendência é que corram para adquirir companhias à
espera de retorno alto com a explosão do consumo.
Já nos momentos de incerteza,
muitos optam por analisar mais a fundo suas opções, barganhar valores ou
crescer por meio da expansão do próprio negócio.
A derrocada dos negócios de
Eike Batista, que correu para vender boa parte de suas empresas, ajudou a
movimentar o mercado, afirmam advogados. Eles ponderam, contudo, que o episódio
vai impor desafios aos investidores nos próximos anos.
"Quem está contemplando
operações terá de ser muito mais diligente. Aquela coisa de comprar no impulso,
que se via antes, não deve mais acontecer", afirma Alexandre Bertoldi,
sócio-gestor do Pinheiro Neto Advogados.
O calendário do ano que vem
também promete impor dificuldades ao mercado. Além da Copa do Mundo, será ano
eleitoral.
"É natural que as pessoas
aguardem uma definição sobre quem será eleito para que se sintam confortáveis
em fechar o negócio", diz Monique Mavignier, do Barbosa, Mussnich e
Aragão.
Fonte: Folha.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário