O elevado endividamento das famílias brasileiras, já numa faixa
próxima de 50% da renda, impõe limites ao crescimento da economia pelo consumo,
afirmou o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, em
palestra realizada no Rio. Diante da importância desta demanda para o
crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), o desempenho fraco terá papel
relevante na estagnação da atividade econômica. O menor ímpeto para consumir
ainda explica, segundo o economista, a desaceleração dos serviços, que tiveram
o menor crescimento desde 2012 na receita nominal (4,6% em julho ante julho de
2013), como informou nesta semana o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
"O
endividamento das famílias brasileiras já compromete quase 50% da renda, e isso
mostra um limite muito sério para o crescimento do consumo", disse
Perfeito. Durante a apresentação, o economista mostrou, a partir de dados do
Banco Central elaborados pela Gradual, que as dívidas consumiam 45,73% da renda
acumulada em 12 meses até março deste ano, num processo crescente desde 2009.
"O
consumo, se você observar pela ótica da oferta do PIB, responde por 60%. É
bastante elevado e mostra que parte significativa do PIB deve estacionar. Isso
deve ser realidade tanto agora quanto nos próximos trimestres. Infelizmente,
esse setor não vai ter o dinamismo esperado, pelo menos não como teve nos
últimos anos", afirmou. "A boa notícia é que estabilizou num patamar
bastante elevado, o que é bom para todo mundo. Mas não vai ser agora que vamos
ver isso continuar crescendo."
Segundo
o economista, o desafio agora é impulsionar os investimentos, componente que
"pode ajudar o País a sair dessa crise". No entanto, investir depende
de confiança por parte de empresários, e as sondagens tem apontado queda nesses
quesitos. "É bem provável que a gente só consiga crescer no Brasil nos
próximos trimestres com a retomada da confiança. Além disso, só acontece, seja
quem ganhar (as eleições), restabelecendo alguns preços-chave. O empresário
precisará saber o que vai acontecer com câmbio, juros e política fiscal",
observou Perfeito.
Mesmo
que haja ajustes no ano que vem, o economista não prevê uma recuperação
vigorosa da economia já nos primeiros trimestres. "Em 2015, vai ser o
começo dessa mudança, mas não será quando vamos colher os frutos disso. Talvez
só lá em 2017 que talvez vamos ver a economia um pouco mais pulsante".
Fonte: Estadão
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