O
ambiente de estímulo e apoio a potenciais empreendedores tem melhorado muito no
Brasil. Pode até ser que minha percepção seja um pouco enviesada, dada a área
geográfica que modestamente alcanço. Mas, somente nestes últimos sete dias,
tive oportunidade de estar e de atuar em alguns deles desses ambientes.
Primeiramente
em sala de aula. Como estimuladora da criatividade dos alunos, faço com que
percebam suas capacidades, inclusive, a de inovar em pouco tempo. Tenho lançado
desafios empreendedores para serem realizados no prazo de uma semana. Desta
vez, solicitei que fizessem um protótipo de uma sandália de borracha de tira.
Parâmetros:
mostrar claramente qual o tipo de público focalizado, qual o valor agregado
para ele, quais atributos/características trabalhadas. Surgiram diversas ideias
interessantes. Uma linha para crianças com solado em formato de bichos,
elementos antiderrapantes pensando em idosos, e agregação de tecnologias.
Certamente,
muitos dos protótipos serviram como uma demonstração de que é preciso atentar
para modelos mentais que limitam o processo criador: ter na cabeça a imagem da
sandália tipo Havaianas, por exemplo. Isto limita pensar em novos formatos de
solas, de agregação de outras tiras e posições destas e agregação de outros
materiais.
Mas,
também se mostra que é possível destravar a criatividade de um modo
interessante e evidenciar casos em que seria possível pensar no desenvolvimento
de um produto real. Entretanto, isto é apenas o início da jornada
empreendedora.
Precisam
aprender sobre modelo de negócio com todas as implicações – problema do
segmento de público identificado, agregação de valor para ele, canais de
comunicação, conscientizá-lo da existência de sua proposta, bem como de vendas
e de fidelização, tipos de relacionamento pretendidos com este público e modelo
de receita.
De
outro lado, para concretizar esta oferta, há que aprender sobre:
atividades-chave, recursos-chave, parcerias que permitirão viabilizar o produto
ou serviço pretendido e todos os custos.
Uma
forma muito interessante para aprender e colocar tudo isto em prática é a
participação nos eventos "Start-up Weekend". No último fim de semana,
mais de centena de jovens se reuniram na Universidade Federal de Itajubá, em
evento organizado pelo Centro de Empreendedorismo Unifei.
Alunos
de lá, de outras faculdades e universidades, de outras cidades, a um custo
pequeno (R$ 120,00) tiveram acesso à inspiração de empreendedores que contaram
um pouco de suas trajetórias, instrumentalização em ferramentas, venda de suas
ideias, formação de times e muito trabalho! Mais de 50 horas!
Com
apoio de mentores – voluntários que agregam seu conhecimento e monitoram o
progresso das equipes – são empurrados para entrar em contato com clientes
reais, mesmo num sábado e domingo. Incrível, mas conseguem! Comprovam ou não os
problemas deles, confirmando ou alterando suas ideias de negócio.
Com
muita pesquisa, modelam o negócio e são treinados em como apresentá-lo para
investidores. O que está em jogo vai muito além dos prêmios oferecidos. A
aprendizagem é acelerada, o compartilhamento é enorme. Surgem muitas ideias de
aplicativos, marketplaces, mas também de produtos reais.
Assim,
chegam a desenvolver dispositivos de interação hardware-software, construindo
um protótipo durante o fim de semana. Certamente, entre os negócios
apresentados, pode-se identificar alguns com maior potencial de mercado e de
crescimento, desde que se agregue mais conhecimento e tecnologia.
É aí
que entram outras possibilidades fantásticas: as incubadoras e as aceleradoras.
As incubadoras são um pouco mais conhecidas. Por isto, foco o papel da
aceleradora, visto que acabo de assistir a um "demoday" da
Aceleratech. Ela seleciona projetos de negócio em função de seu potencial e da
qualidade e disposição de seu time.
Sim,
porque vai trabalhar duramente por curto período de tempo – quatro meses neste
caso. Recebem treinamento, mentorias gerais e específicas e tem que fazer
entregas de etapas do modelo do negócio, do processo de validação com clientes
etc. São colocados em contato com empreendedores, empresários e clientes
potenciais.
E, tem
que vender. Vender e crescer. Afinal, a escolha dos projetos para aceleração se
baseia na possibilidade do crescimento acelerado - negócios de alto impacto -
que tanto nosso país necessita. Ao final, apresentam-se para o público no
"demoday", buscando investidores.
Assim,
se você quer fazer esta trajetória empreendedora, busque as oportunidades de
eventos como estes ou similares – há diversos nomes e formatos – e aproveite
para desenvolver-se. Vai ganhar muito em conhecimento, habilidades e atitudes.
E, em ampliação de rede de contatos e de horizonte de carreira e de vida.
Fonte: UOL Economia
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